sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Felicidade x Profissão



O trabalho como forma de sustento existe desde a antiguidade, o trabalho escravo de povos que viveram no sistema monárquico, os vassalos da época feudal e o trabalho remunerado na era moderna. Hoje existem milhares de profissões diferentes e nem todos conseguem trabalhar com o que desejam, assim como há também quem está feliz e satisfeito com o que faz.


É o caso de Roberto Nagib (51), que trabalha como motorista de ônibus há 24 anos. “É um prazer dirigir ônibus, faço por amor, é dessa profissão que consigo sustentar minha família”. Afirma Roberto. Ele se sente feliz porque é reconhecido e respeitado nos lugares que passa, por ser um bom profissional e tratar todos os passageiros com carinho e respeito, “não há dinheiro que pague”.


A rotina de Roberto é igual à de milhares de pessoas que trabalham no mercado formal. Acorda todos os dias às 4h da manhã, bate o ponto, trabalha 7h20m por dia, “na verdade 8h20, pra ganhar uma hora extra, no final do mês faz a diferença”, diz, rindo.


Já para Victor Mateus (27) a coisa é um pouco diferente. Ele é músico profissional há 10 anos, não tem que bater ponto, não tem um horário fixo de trabalho e não tem hora pra dormir nem acordar. “Muitas vezes eu troco o dia pela noite, pois meu trabalho começa quando o dos outros termina, mas também enquanto todos trabalham, eu descanso”. (risos).


Mas ele teve de ralar muito para conseguir trabalhar com o que deseja. “Eu comecei tocando na noite e não ganhava quase nada. Devido à cobrança de minha mãe, eu trabalhava consertando bicicleta e instalando som em automóveis durante o dia”. Nos últimos quatro meses, dentro dos 10 anos de carreira, é que Victor está finalmente conseguindo se sustentar unicamente com a música. “Pela primeira vez em minha vida estou conseguindo fazer o que quero sem precisar trabalhar com coisas que não gosto, não é o ideal ainda, mas estou no caminho certo”, contou.


Dora Bahiana (43) é cantora há 14 anos, mas ainda precisa trabalhar em outra área e tenta conciliar a música com essa rotina. “Eu trabalho como consultora da VIVO e consigo cantar, ensaiar e gravar. Apesar de meus horários serem flexíveis, é chato tocar na noite anterior e no dia seguinte ter que trabalhar”. Ela explica o quanto ama a música e sente-se gratificada cantando: “a noite tem um brilho diferente, certamente eu cantaria todos os dias, o chato é pensar que, por ter um papel social, precisamos de grana para sobreviver”, lamenta.


Existem também aqueles que estão extremamente frustrados com o que precisam fazer para sobreviver. É a história, por exemplo, de Viviane Guerreiro (34) que é comerciária. Ela trabalha há um ano e meio na Livraria Saraiva no Salvador Shopping e afirma que não é feliz na profissão. “Eu não consigo realizar meus projetos, fico limitada porque preciso trabalhar nos fins de semana e não posso trabalhar em minha verdadeira profissão”. Viviane é formada em comunicação com Relações Públicas (RP), toca bateria, faz produção cultural e também é atriz. “No momento estou como produtora e atriz em dois videoclipes, mas é complicado conciliar tendo que trabalhar num Shopping”.


Ela acredita que o que a influenciou a não estar trabalhando no que gosta foi à falta de oportunidades. “Trabalhar com arte e ganhar uma grana legal com isso em Salvador é muito complicado”. No momento, Viviane diz não ter um padrão de vida muito alto, mas que não pode sair do emprego por precisar de dinheiro para manter-se e ajudar o marido nas contas cotidianas.


A psicóloga recém-formada Sunna Azevedo 24, diz que atualmente há muitas pessoas frustradas com suas profissões porque é muito comum elas escolherem seus cursos na faculdade aleatoriamente, isso gera conflitos quando estão em suas profissões. “A sociedade moderna nos cobra o tempo todo um diploma, status, e isso faz com que as pessoas, desesperadas, façam qualquer curso em qualquer faculdade”. É por isso que Sunna acredita que a conseqüência disto seja “a existência de um número cada vez maior de péssimos profissionais no mercado de trabalho e pessoas propensas a depressão e outras doenças”.


Para a psicóloga, a pressão familiar também é decisiva nas más escolhas. Os pais, já frustrados, com medo que seus filhos sigam o mesmo destino, os pressionam a fazer um curso “promissor”, como Direito, Medicina, Odontologia, prejudicando assim, sua formação. “Os jovens ainda não estão preparados para fazer escolhas deste tipo e os pais insistem em forçá-los a cursar uma faculdade, que no futuro os deixarão frustrados”.


É muito comum conhecermos pessoas que já fizeram um, dois ou mais cursos, assim como outras que desistem no meio do percurso, abandonando aquela escolha errada, e recomeçando do zero. Foi o que aconteceu com o hoje estudante do 5° semestre de Letras, Márcio Gonçalves 21. “Quando ingressei pela primeira vez na faculdade, eu tinha 18 anos, minha mãe me pressionou para que eu fizesse medicina; fiz a vontade dela, mas quando estava no 4° semestre eu não agüentava mais”, desabafa.


Hoje Márcio é feliz com o curso que está fazendo e faz planos para o futuro: “sei que serei um ótimo profissional. Minha mãe, apesar de não estar contente, respeitou minha decisão e o importante é que eu estou feliz.”, afirma.


Para quem deseja alcançar a felicidade na profissão Sunna dá a dica: “o importante é o ser humano buscar sua verdadeira vocação. Nunca é tarde para recomeçar. O caminho certo é estar feliz com a área escolhida para tornar-se um bom profissional.

POR: MBI E PEDRO COUTO

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